Ele nunca gostou da cor cinza, talvez já soubesse do seu futuro nublado. Ele é o céu, e sou como o mar. Por mais que eu não queira, reflito a sua cor. Ensaio uma fuga através da fluidez das minhas águas, mas é inútil. Quando nasci, ele já estava me observando de cima. Posso desbravar o mundo, mas sempre serei encoberta por sua observação. É natural ele fazer parte das minhas paisagens, mesmo que eu não queira ou ignore. Então o que fazer diante da eminência de um temporal? No máximo posso ser coadjuvante na dispersão dessas nuvens cheias de peso. Mas ao menos posso, ainda que pareça tarde. Enchentes já são inevitáveis, mas isso não pode ser motivo para a minha desistência. Se depois o arco-íris e o sol vierem, terá valido a pena. Que valha. Foto: Largo do Machado - 16-11-2008.
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