sábado, 12 de julho de 2008

Últimas entropias




No último período da faculdade, uma das matérias que estudei em “Teoria da Comunicação II”, foi algo desconhecido até então, ou melhor, conhecido até era, mas não com esse nome. Na verdade, nenhuma denonimação específica era utilizada, exatamente como toda desordem a princípio deve ser, mas claro que um ser humano (muito brilhante por sinal, e cujo o nome por dificuldades de memorização e por preguiça de consultar o google e o caderno, não coloco aqui), não só a denominou, como também a explicou cientificamente, o que me permite hoje afirmar que as situações vivenciadas nesses últimos meses nada são além de: entropias.
Aristides, o professor que lecionou esta matéria, não só apresentou o termo entropia, como explicou as teorias que serviram de base para a sua criação, mas foi além, ensinou-me um novo verbo: entropisar (seria com s ou z?). Bom, isso não importa, até porque a dúvida pode gerar confusão, o que é perfeitamente aplicável à teoria em questão. Mas enfim, a vida entropisou, o que é perfeitamente natural e compreensível, já que tudo que está em perfeita ordem tende ir para a desordem. A organização é sempre alvo de agentes entrópicos. Normal é; assim como um belo e feliz dia de sol na praia em pleno verão, e que o entardecer, devido ao movimento de rotação da Terra, logo providencia o seu fim. O anormal está no fato surpreendente de como entropisou (Seria um entardecer às 3:00 da tarde?); e a maneira como as pessoas e situações obrigam-me a lhe dar com as conseqüências impostas pelas tais entropias. Tenho que ignora-las, atitude que confesso, de difícil execução para mim. ( É como se me obrigassem a ficar de biquíni numa praia à noite, como se ainda existisse sol). Tá foda! Desculpe o termo chulo, mas há certas situações que não podem ser melhores explicadas se não com uso destas palavras que dizem estar no aumentativo. Até tentei transformar a revolta desse momento pós-entrópico em poesia, mas foi inútil. Saiu poucos versos e todos desprovidos de beleza. Acho que a poesia, por mais que use como fonte de inspiração algo triste, ela consegue sempre ver o ângulo belo e/ou criativo da tristeza. Já o que ocorre com as minhas últimas entropias é que elas não são tristes, feias ou belas. Adjetivos não lhe servem. Elas simplesmente são. Não há o que fazer. O que me resta é continuar na praia, com a consciência de que nessas areias tive horas muito felizes, e com a sabedoria, calma e esperança de que um dia o sol volta, por mais que mil entropias no universo tentem atrasa-lo. Enquanto espero, rabisco essa prosa, uma forma saudável de me relacionar com a revolta e indignação que já não cabem mais em mim, e que também não caberiam em nenhuma poesia. Esta última (tão sagrada) não mereceria tratar de um momento tão arenoso e frio, causado por pessoas de iguais adjetivos.

Ilustração: WEB.

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