A campanha na mídia alertava. A minha vó também. A vacinação tinha prazo, mas eu nem precisei correr pro posto de saúde mais próximo. Instalaram um “stand” na faculdade. Na hora do intervalo lá fui eu para a fila. Alguns minutos observando entradas tensas e saídas sorridentes com um algodão no braço.
Não tenho medo, mas admito que não fico à vontade em saber que dentro de instantes irei encarar uma agulha. Um segundo e logo estava eu, também sorridente e com o algodão no braço. Na volta para casa refleti sobre a existência de um novo líquido, na quantidade de uma ampola, realizando um passeio, naquele momento, em meu corpo.
Fisicamente tudo normal. Mas pelo o que aprendi no colégio, estaria eu agora com um pouco de doença, mas para ter saúde. Contraditório, mas a medicina e a subjetividade da vida explicam o porquê dos anticorpos apenas nascerem dessa forma. E como o lado subjetivo é sempre o que mais me atrai, logo compreendi a importância de breves dias cinzas, das tolas lágrimas guardadas ou escorridas e das momentâneas faltas de apetite por tudo. São em circunstâncias desse caráter que a vida nos obriga através de campanhas de vacinações individuais a encarar uma agulha, colocar um líquido novo nas veias, para que os benditos anticorpos apareçam. O aparecimento destes não garante felicidade plena, mas nos preparam para encontros inevitáveis com as pequenas tristezas. O interessante é que estas nunca cessam, e além disso, são de várias naturezas, assim como as doenças. A erradicação é impossível. A vacinação para diferentes fins é recorrente, faz parte da essência humana. Na verdade me surpreendi com a capacidade da vida de nos preparar para as próximas batalhas, como uma tristeza aparentemente idiota nos prepara para enfrentar uma outra, de intensidade maior e que jamais poderíamos supor. Nada o que passamos é em vão, como todas as vacinas, até aquelas que não doem e não deixam marcas como a BCG. Tudo possui importância para a manutenção do corpo e da vida. Talvez seja isso o que chamam pelo nome de amadurecimento.
Foto: WEB.
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