terça-feira, 18 de março de 2008

Túmulos




O erro foi crer na eternidade. Eterno nunca é. No máximo prolongamentos, não muito fiéis, de alguns dias. E estes viram meses, que viram anos. Vinte e sete. Nem sempre o fim é em um túmulo de mármore. Antes deste aparecem muitos, mas de papéis, de lembranças, de idéias, de distância, de água salgada própria. E esta jorra abundante até a boca, mas não é saboreável. Enquanto esta fonte indesejável não estanca, no baile ninguém dança, e a água no copo nunca fica cheia. Até que um dia alguém se atreve a dar os primeiros passos no salão, como também a entornar uma garrafa inteira. Alguém que só pode ser você.


Foto: O Castanheiro - Miguel Afonso

Um comentário:

Thiago Gonçalves disse...

Eternamente
É ter na mente
Éter na mente
Eterna mente
(Walter Franco)

Impecável como sempre, belos versos com uma bela ilustração.