Distância cada vez maior daquela menina pela qual sentia dó. Sentia o vento produzido pelo bater de suas asas, como também via em seus olhos a agonia de não saber voar. Assisti o seu primeiro vôo forçado, no qual caiu. As asas quebradas a obrigaram a iniciar um processo de reconstrução. Reconstruir é construir de novo. E sua construção nova iniciou-se a partir de seu antônimo, a destruição. Essa lógica não foi compreendida pela sua platéia, mas isso não importava, pois ela sempre se esquecia da existência da observação dos que a cercavam. Aliás, esquecer foi o verbo mais praticado pela menina desta história. Nos primeiros dias esqueceu e depois não lembrou. Constatou que o não lembrar é um estágio avançado do saber esquecer. E esquecendo as dores que a sua autodestruição produzia, como também a situação quebrada de suas asas, conseguiu enfim alçar seus primeiros vôos. E foi no ar, já sem esperanças, que suas asas foram colocadas no lugar, e sua destruição enfim tornou-se reconstrução.
Ilustração: WEB
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