segunda-feira, 30 de julho de 2007

Distrações infantis


O que se busca
nem sempre é
o que se quer.

Distraiu-se com a beleza
de uma nuvem
quando a intenção era
admirar o céu.

No caminho surgem
alguns brinquedos
de papel.

Distraiu-se com a leveza
de uma bola de sabão
quando a intenção era
passar o tempo em vão.


Foto: Origami do IP.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

O brilho do mistério


O mistério é que dá brilho
para os olhos alheios.
Os nossos são vermelhos
e enxergam versos
num mundo estéril e imperfeito.
O segredo é que nele
não há espelhos
então a imperfeição
não é refletida.
Não tê-los (os espelhos)
é o que constrói nossas vidas.
Não vemos, não temos.
Ter é um verbo
que corrói a felicidade.
E como a nossa
nada tem.
Tudo bem!


Foto: Aldeia Velha - Abril de 2007

Entre versos e universos


Entre versos e o universo
escolheu o primeiro
cheio de subjetividade
mas para terceiros.
O autor da escolha
sabe exatamente
o porquê de cada um
ter sido feito.

Figura: WEB

As palmas que não escuto


Sei do seu sorriso
e daqui sorrio.
Vou muito além
do bem e do mal
e o que seria de mim
sem ter ido até?
Me arrepio com as palmas
que não escuto.
Grito com a voz
que não escuta.
Mas a audição é detalhe
para uma informação
que já se sabe.


Foto: Em um antigo show dos Los Hermanos.

terça-feira, 24 de julho de 2007

A despedida da infância


A inocência da infância é
a distância do mundo adulto.
E quando este se aproxima...
susto!

É começar abrir as cortinas
e ainda ver escuro.
É subir um muro
e ainda faltar uma colina.

Mas um estúpido ensina
a chegar no futuro,
com uma vitamina
de ingredientes obscuros
.



Fotos: Filhotes da Paquita 22-07-07.

Estrela cadente


Esta noite
uma estrela cadente
rasga o céu.
E pela sua passagem
não preciso
de máscaras e nem de
maquiagem.
Apenas passo por ela.
Ou será ela que passa por mim?
Se é mágica
questionar é bobagem.
Que seja
assim.


Foto: WEB

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Parede em vez de janela


A água do rio
que não foi pro mar.
A semente
que não virou planta.
O sol
que não aqueceu.
Era pra ser
como janela
que vive fechada
em vez de aberta.
Já que a sala
fica mesmo sem ar
melhor era
ter colocado
parede no lugar.

Figura: WEB

quarta-feira, 18 de julho de 2007

A cidade abandonada


As ruas existem
mas não há carros
e nem pessoas.
A estrutura foi construída
mas para um vago
projeto de cidade
deixado de lado
pela incapacidade
da população
em conviver
com as novidades.
Mesmo com eletricidade
sentiram saudade da vela
e por ela
se foram
para ficar até mais tarde
com a luz amarela e pouca
mas que nos dedos arde.


Parte do processo de criação:

A transferência de "Cidade - Mi.doc" está concluída.
Mi diz:
e aí?
Mi diz:
entendeu alguma coisa?
Bú diz:
claro! e dá pra entender q é sobre Paraty.. ou não?! rs
Mi diz:
não... hauuhauhhauuhauhauhuhauha
Mi diz:
fiz aleatoriamente
Bú diz:
nada é aleatorio... veio do seu subconsciente..rs
Mi diz:
é...
Mi diz:
agora q me liguei
Mi diz:
essa poesia veio hj
Mi diz:
por uma ideia de manhã q era a seguinte
Mi diz:
as portas estão abertas, mas sem ninguém
Mi diz:
aí mudei essas portas para a cidade


Foto pela associação da Bú e do Subconsciente: Paraty 06-07-07

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Sem medo dos cacos


Ser que sai
vai descalço
sem medo dos cacos.

Afinal, estes são apenas
pedaços de um vidro
antes inteiro.

Simplesmente foi dividido
por um impacto
com objeto alheio.

Figura:Arte Digital Cacos de Vidro em Cores

Nado(a)


A coragem
o levou a margem.
Era um nado
no nada.
Mas se deixasse
pra mais tarde
afogava.


Figura: WEB.

sábado, 14 de julho de 2007

Sem gritos


I

A sobra?

O acúmulo
de resíduos confusos?

O resto que se mostra
nesses versos como prova
do que nunca foi dito?

Sem perguntas.
Sem respostas.

Não houve gritos
pra fratura não exposta.

II

Pureza intacta
culpa das nossas
mãos medrosas.

A frieza disfarça
a textura áspera
de insensatas escolhas.

A insensatez delas
é porque fomos
contra ao que somos.

Abafamos gritos e sonhos
com panos frios
e por isso estranhos.


Figura: WEB

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Terno e gravata


Uma dupla ingrata
na cidade.
Culpa da tradição
da vaidade.

Produz suor
com a luz
sem dó
do sol.

Corpos nus
para a burocracia fria
que reproduz
e não cria.


Figura: WEB

Outro lado


No outro lado é pouco.
Envolto de uma escassez
que acumula em vez
de dissipar.
O acúmulo do nulo
em um lugar
com e sem tudo.
Muito ar.

Foto: WEB

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Retina livre - Rotina não


Na tristeza há beleza
áspera ao toque.
É como uma lágrima que existe
mas não se move
por culpa da pálpebra
que a cobre.

O choque inibe a percepção
do belo no triste.
É um limite feito da distração
dos que apenas vivem
numa rotina feita de prisão
mas captada por um retina livre.


Foto: Retina/ WEB

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Viajante estrelar


Como antes
sou viajante.
Vôo pelas estrelas
cheias de brilhantes.
Tanto brilho que cega.
Mesmo sem frio
o coração congela.
Por enquanto apenas admiro
uma distante e bela constelação.
Uma mera distração incerta
a espera da volta à atmosfera.
Volta esperada ou não?
Resposta sincera...
Me solta logo no espaço então!
Me jogo sem medo da queda.
Sem gravidade não há chão.


Figura: Constelação de Orion.

As mãos não dadas


A felicidade não anda
de mãos dadas
com denominações
ou com
qualquer tipo de palavra.
Nomes confirmam ilusões.
Confirmações são desnecessárias
com as verdades disfarçadas.


Foto: Questa e Michhelinha. 17-01-07

Sonho na praça


A tristeza na praça
e na conversa.
Pela primeira vez não fez graça.

Cervejas eram máscaras
para a timidez
de inseguranças pálidas.

Palidez nas palmas
depois da embriaguez
para uma valsa.


Figura: Marcio Melo