A única expectativa boa e saudável que vivenciei foi no Natal. Ou melhor, nos natais. Todos na minha infância. Eu esperava a boneca mais linda de todas. Ganhava. Eu aguardava saborear a melhor das tortas de nozes. Comia. Eu sempre esperava mais. E bem mais vinha. Minha volta para casa era radiante, assim como o dia seguinte, com aquele cheiro de brinquedo novo no quarto. O natal tornou-se então a data mais esperada do ano, superando até o aniversário. Mas com o tempo a vida me ensinou justamente o contrário do que acontecia nesses narrados momentos. Uma lição oposta à gostosura das ceias: grandes expectativas geralmente tornam-se grandes decepções. Quanto mais velha eu ficava, melhor eu entendia esse processo. Até que ele se estendeu para o Natal. Na adolescência eu ainda alimentava uma certa expectativa pela data, mas nunca mais ela foi a mesma. Eu até ganhava presentes aguardados e saboreava a comida especial que parecia só existir na última semana de dezembro. Porém, Papai Noel tinha levado a magia. E nunca mais trouxe desde que deixei de acreditar nele. Mas de qualquer forma, o Natal não deixou de ser especial, pois é nele que vivencio uma falta de expectativa saudável e inteligente que eu devia estender para o resto do ano. Hoje não espero nada demais do Natal e realmente ele não se torna nada além disso. E assim eu volto para casa com uma felicidade tranqüila que me faz bem. Talvez seja o que chamam de paz.
Foto: Natal de 2008.
Um comentário:
Nossa, Mi! Foi lindo.
Também tenho uma experiência parecida com o natal, mas o final é amargo. Perdi o encanto, a paciência..Enfim. Sou um monstro.
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