Na minha parede de imã muitas fotos. Algumas de uma bebê branquinha como leite. A infância e adolescência passaram e a falta de cor permaneceu. Minha mãe forçava, mas eu detestava a praia. Preferia a TV. Preferia as guloseimas enquanto assistia TV. Falava mal. Dizia rebelde que ficar assando como frango no forno não tinha sentido. Foram necessários 20 anos para eu comer o prato que tanto cuspi. E com detalhe, com muito gosto. De repente me apaixonei pela praia. Era uma gringa. Agora me entendo como uma carioca legítima. Sábado e domingo de primavera e verão corro para praia. E durante a semana ainda tento encaixar um mergulho entre a faculdade e o trabalho. Na gaveta dos biquínis não param de chegar novidades. A última foi um biquíni de zebrinha. Nunca imaginei que teria gosto em comprar coisas do tipo. Às vezes me questiono o que causou essa mudança que hoje tanto espanta minha mãe. Acho que sempre tive uma paixão platônica pelo sol. Eu o amava, mas as inseguranças infantis e juvenis me faziam crer que ele não sentia o mesmo. Bobeira, graças a deus superada uns quatros verões atrás. E na minha parede de imã já tem fotos de uma moça com uma cor, digamos, de doce de leite. Gosto muito.
Foto: Último sábado - Praia de Camboinhas.