terça-feira, 29 de abril de 2008

Um reinício




A impaciência é o princípio da desistência.
É um fio esticado, prestes a arrebentar.
É a febre deixando de ser delírio.
A volta de um viajante para seu lar.
Um novo início, em um velho lugar.
O querido filho, agora um andarilho,
sem o brilho inocente do aprender a andar.
O capricho de fazer as mesmas coisas,
mas com o cuidado em ser devagar.



Foto: Miguel Moura

domingo, 27 de abril de 2008

O descaso pelo acaso




As mãos sacodem os dados
e estes rolam ao acaso.
Fazem então descaso
com um desejo definido
de resultado.
Um blefe ou um aviso
de alguém que está além das nuvens
e dos abrigos chamados altares.


Foto: Pô voltando do Recife - 18-09-07

sábado, 26 de abril de 2008

A morte da descrença




A descrença é pior que doença
É a morte. Sofrimento
sem a menor esperança.
O corte, por mais profundo,
quem sabe ou a sorte, estanca.
Sem pulso o que resta é um culto
para o que está longe
desconhecendo-se a distância.


Ilustração: Café estanca sangue?

Enquanto isso no MSN:

CANDI diz:
quem sabe ou a sorte
CANDI diz:
o q vc quer dizer com isso?
Mi diz:
quem sabe = pessoa que sabe (verbo saber) enfrentar os problemas da vida, no caso as doenças
Mi diz:
sorte = fatos q não estão no nosso controle
Mi diz:
mas nos ajudam a estancar o corte, ou seja, enfrentar as doenças
CANDI diz:
hum
Mi diz:
entendeu?
Mi diz:
ou seja
Mi diz:
o corte será estancado
Mi diz:
ou pela gente, ou pelo acaso
Mi diz:
mas estanca
Mi diz:
mas depois q morremos, ou seja, depois q perdemos a esperança
Mi diz:
fudeu!
CANDI diz:
hahaha


segunda-feira, 21 de abril de 2008

O velho medo para um novo tolo




A causa da falta de gosto
é na verdade a náusea
se o passado fosse exposto.
Enjôos e vômitos
em cima de sonhos
que tornaram-se foscos.
O medo ofusca ou apaga
qualquer forma de brilho,
da néon ao fogo.
A possibilidade de erro
o fez ser básico e estático.
Reprime todos os desejos
por considerar o próprio choro
um crime contra ele mesmo.
Um novo tolo!


Ilustração: Homem vomitando, imagem do Tacuinum Sanitatis, século XIV

domingo, 20 de abril de 2008

A curiosidade apodrece




O curioso é oco
mas consegue apodrecer
mesmo sem conter madeira.
Apodrece então nas beiras.
E como tudo é pouco
em pouco tempo
tudo torna-se podre.
E a tinta que o cobre, não resolve.
A podridão é esnobe
mesmo de beleza sendo pobre.


Foto: Jardim Botânico - 23-09-2007

domingo, 13 de abril de 2008

Ando e vôo




Ando pensando sobre
o chão áspero e sem cores
com a utilidade merecida
apenas pela gravidade da lei.

Vôo pensando entre
o ar tão transparente
que apenas o vento
desmente sua inexistência.


Foto: Pedro N S Costa

Caminhos em um labirinto




Me perdi em seus sonhos sóbria
e nos meus, achei-me embriagada.
As ruas pareciam ser ilusórias
mas no fim da vertigem
o que formavam labirintos
tornaram-se fáceis caminhos
para alguém sem história
e responsável pelo próximo destino.


Foto: Arco do Teles - 10-02-2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Inspira dor para quem não pira




O inspirador
trás dor
para o outro
que não pira.
É oco do novo
ou é fosco diante
do que brilha
distante e sem trilha.
É do povo a maravilha
brilhante que voa
com o assopro do moço
louco que cria.


Foto: Bem antiga. P41 ainda.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Quatro mãos




I
Estende a mão
quando interessa.
Não sente, necessita
e tornar-se perversa.
Não compreende a vida,
e faz dela, um jogo de garantias
através de um poço escuro
de estratégias.


II
A lentidão fora de controle
das minhas mãos que
carregam flores
como forma de protesto
sem nomear os opositores.


Foto: WEB ( não consegui achar o autor)

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Seus prédios




O cimento que constrói seus prédios
são ventos para meus olhos.
Mas cada construção que conta,
comemoro! E minha comemoração
torna-se um lamento seu,
afinal a minha alegria pela sua
é como ignoro-te sem propósito.


Figura: WEB.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Pão de Açúcar (29-03-08)




Subindo o bondinho!



Sol com nuvens



Cordão Umbilical com a Urca



Praia Vermelha



Barquinhos emoldurados pela sombra das nuvens



Registros com a Nina



Sol & Mi



Liberdade



Liberdade 2



Bondinho



Perdida nos bambus



Lar, doce lar



Descendo o bondinho



Mi lá...


Obras de arte da janela do seu quarto




Assopra as nuvens
cinzas e sem forma
dos seus retratos
na gaveta guardados.
Antes que sujem
as obras reais e brancas
agora enquadradas pela
moldura da janela do quarto.


Foto: 09-03-08.

Três linhas




Já não merece uma linha que seja. O que almeja não é mais beleza para meus olhos, hoje secos, depois de tanto rega-los. As nossas estrelas possuem brilhos diferentes. Uma lâmpada te serve, enquanto quero a verdade do céu.

Ilustração: WEB

Evo-lua






Evolua durante a vida, como a lua em um mês. Estupidez é permanecer na mesma forma.


Figura: WEB