Ela sempre se perde nas datas
Mas não nesta.
Lembrou do all star que usava
na escuridão.
Da volta pra casa
com exata sensação,
de que não pisava
em nenhum chão.
A partir de então
mudava a rotina.
Ela ainda ia assistir
muita televisão.
Foi quando fechou a cortina
e o mundo já não contava
com a sua visão.
Anos onde ela falou menos
felicidade contida na rotina.
Planos eram pequenos
da casa para esquina.
A vida tornou-se pacata e certa
por vezes chata,
pela inércia.
E na data do nada
vem o que não se espera
a Tv foi desligada
e ela?
II
Em câmera lenta
sem pressa
sem sua presença
me despedi.
Não mais me enxerga.
Sumi no meio das águas,
no começo turbulentas
depois calmas.
A calmaria te intriga
não é falsa
é fria.
Não grita
como naquela noite
em que eu corria
de você
para lugar nenhum.
Corri assim
por longos dias
até perceber
que o chão
mudaria sempre,
mas não
meus pés.
Então os mudei,
e fui...
em minha direção.
III
Onde e como está?
Estático e intacto
em algum lugar
onde nossos pés
não conseguem mais
ser passos.
Existe no vago.
Talvez porque não tenha chão
talvez o espaço tenha aumentado
talvez porque hoje eu voe.
E voando nos desfaço
e faço uma nova distração.
Uma delas é a exibição
das minhas flores
que colho durante os vôos
com as cores do mistério
do que com elas não digo.
I - Datas perdidas
II - Minha despedida lenta
III - Flores colhidas no vôo
Foto: "Que fim levaram todas as flores?"
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