quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A necessidade e o lucro são covardes


A arte vira produto
nas mãos do artista
que a avista
como usufruto
e não como fruto
de sua verdade.

Figura: Exemplo de um enlatado americano - WEB

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Cordão umbilical, sangue e genes




Cordão umbilical, sangue e genes.
Há uma ligação, mas não significa ser igual,
e nem que os destinos não possam ser diferentes.
Caminhos unidos, mas paralelos
e a opinião se estes
estão ou não na contra mão
é tão relativo quanto o que é belo.


Figura: WEB

Para o vô




Uma garrafa cheia
que derramo no chão
da sua casa.
Pela sujeira,
desculpa!
Não esqueço a culpa
que não mereço.
Ao menos
ofereço os panos.
No mais...
te amo!


Figura: WEB

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Jardim Botânico 22-09-07

"Ó horas multicolores!... Instantes-flores, minutos-árvores, ó tempo estagnado em espaço, tempo morto de espaço e coberto de flores, e do perfume de flores, e do perfume de nomes de flores!... " ( Na floresta do alheamento - Bernardo Soares)



na sombra



macro do Pô!



camuflagem



macarrão parafuso de espinafre



neve de mentira



uma flor entre espinhos



a cara da árvore



um caminho



um plano



cabelos embaraçados



longe e...



perto!



frente e...



trás!



deus mexicano das flores



três em um



floreteia



orquídea



bromélia



outra bromélia



corações verdes



trança pink



bromélia clássica



curva vermelha



mais uma macro do Pô e...



mais uma flor!

A.R ( aparição rara)


Para os olhos quase um detalhe
quando na verdade
faz parte de tudo.

Porque o ar não aparece?
Será ele tão importante
que esquece de ter cor?

Aparição em seu movimento, vento;
na observação do incenso;
ou na interação com o ventilador.


Ilustração: Botticelli, O Nascimento de Vénus (pormenor)-> Obra completa

O "espetáculo" da sua vida


O espetáculo da sua vida nada representa.
É um vácuo para meus pulmões
ou a TV para minha inteligência.
E como opiniões são perda de tempo,
entenda porque aqui não me estendo.


Foto: 05-06-07/ IP

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Mancha cinza


Um sombra?

Será criação própria
de uma imaginação ociosa?

Ou uma criação alheia
de uma mente maldosa
que mente sobre uma sexta-feira?

Ou uma verdade que ronda
de forma imprópria
e deixa tonta a visão
por ser a sanção de uma droga?


Foto: Sombras da Lua?

Passarinho da Questa


O pássaro na gaiola olha
o mundo (re)cortado em pedaços
pela tesoura de suas grades.

Dele não foi a escolha
de ter saudade do que nunca teve
e de onde nunca esteve.

Sede e fome saciadas
e a existência de asas ignorada.

Quando deram-lhe um nome humano
sua essência livre some.


Foto: Canário da Questa ou Pavarotti - Março de 2005 - registro com a querida P41.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Vaga-lumes não são insetos


Vaga-lumes atraem até os olhos cansados.
São quase como estrelas
se o mundo estivesse de cabeça pra baixo.
Pontos de luzes fosforescentes
que acendem e apagam
em uma dança persistente
em uma palco de grama
ao som de uma orquestra de sapo.
E para onde vão, após o amanhecer?
Será eles duendes dançarinos
fugitivos noturnos de suas cidades?
E para que os humanos os vejam
fantasiam-se de purpurina verde
e acendem lâmpadas durante o espetáculo?
Tudo pela arte, e não interessa
com que tamanho ela apareça.
Que chegue em outras realidades,
e nelas alguma coisa aconteça.


Foto: Planta de tabaco fluorescente, contendo genes extraídos de vagalumes.

domingo, 16 de setembro de 2007

Escamas duplas


A mistura das águas não cura.
Pelo contrário, quase mata
aquele peixe que não sabe
exatamente por onde nada.

Sua realidade interna é confusa,
pela externa não ser única.
Então de maneira espontânea,
a criação de escamas duplas.


Foto: WEB

Trânsito de viagem


Quando tudo fluía, de repente um trânsito.
A culpa não foi da dúvida,
e sim da certeza
na estúpida escolha daquela curva
que acaba numa estrada parada e sem clareza.

E de repente o carro em movimento novamente.
Mas só após achar uma rua
sem cimento e pequena, mas a certa,
afinal é a que termina onde se quer ir.
E na paisagem, um belo sol se apresenta.


Foto: Voltando de Mangaratiba - 16-09-07

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Sua pimenta


A pimenta me faz bem.
Esquenta e arde
o gosto
até quando vem sem.
Isenta a possibilidade
de qualquer desgosto.
No almoço e no jantar
e até no café
de manhã
a sua ardência me convém.


Foto: Feira de sábado.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Deitada na praia


A música está alta
então não escuta
o próprio choro.
Olha pro céu
e tudo se torna
tão tolo.

A chuva chega
mas a calma é tanta
que até a chegada dela
é atrasada.

Aguentou a distância
mas não aguenta
quando esta se instaura
na proximidade.

Saudade de uma condição
mas não de alguém.
A distração afasta e cria
uma solidão acompanhada
para aquela pessoa deitada
na areia da praia.


Foto: WEB.

domingo, 9 de setembro de 2007

Alice Bartolocci


I

Ela sempre se perde nas datas
Mas não nesta.
Lembrou do all star que usava
na escuridão.
Da volta pra casa
com exata sensação,
de que não pisava
em nenhum chão.

A partir de então
mudava a rotina.
Ela ainda ia assistir
muita televisão.
Foi quando fechou a cortina
e o mundo já não contava
com a sua visão.

Anos onde ela falou menos
felicidade contida na rotina.
Planos eram pequenos
da casa para esquina.
A vida tornou-se pacata e certa
por vezes chata,
pela inércia.
E na data do nada
vem o que não se espera
a Tv foi desligada
e ela?

II

Em câmera lenta
sem pressa
sem sua presença
me despedi.
Não mais me enxerga.
Sumi no meio das águas,
no começo turbulentas
depois calmas.
A calmaria te intriga
não é falsa
é fria.
Não grita
como naquela noite
em que eu corria
de você
para lugar nenhum.
Corri assim
por longos dias
até perceber
que o chão
mudaria sempre,
mas não
meus pés.
Então os mudei,
e fui...
em minha direção.

III

Onde e como está?
Estático e intacto
em algum lugar
onde nossos pés
não conseguem mais
ser passos.
Existe no vago.
Talvez porque não tenha chão
talvez o espaço tenha aumentado
talvez porque hoje eu voe.
E voando nos desfaço
e faço uma nova distração.
Uma delas é a exibição
das minhas flores
que colho durante os vôos
com as cores do mistério
do que com elas não digo.


I - Datas perdidas
II - Minha despedida lenta
III - Flores colhidas no vôo
Foto: "Que fim levaram todas as flores?"

sábado, 8 de setembro de 2007

Poeira sobre uma mentira


Uma mentira encoberta
de um tipo de poeira
que o pano não retira.

Para ser lindo tem que estar limpo?

Talvez não perceba
que a sujeira faz parte
tanto da verdade, quanto da beleza.

Vínculos entre aparentes contrariedades.

A mãe mente
a existência de carne
por achar o bem do filho incoerente.

Incoerência pessoal. Mal não proposital.

Propósitos diferentes
faz o óbvio ficar a critério
de como cada um entende.


Foto: Poeira cósmica -> Cometa West – Esta imagem mostra a existência de duas caudas distintas. A cauda azul é constituída por plasma, enquanto que a cauda branca é formada por poeiras. A cauda azul aponta na direcção do Sol, mas a cauda branca alinha-se com a trajectória.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Cria - ção/nças


Não criem a crianças.
Deixe-as criarem
e se criarem
com apenas a cobrança
da criação.

Figura: WEB.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Onde estão as mãos e o diamante?


As mãos da perfeição usavam luvas,
e aquele objeto brilhante no cordão,
parecia, mas não era diamante.
E mesmo sem conhecer a pele
e o brilho sendo falso,
ela não se esquece do convívio
em que não precisava usar salto.


*para Can.
Figura: WEB

domingo, 2 de setembro de 2007

Verdade solar


É tarde, o sol no céu já não arde.
Embora brilhante em outro horizonte,
aqui ainda produz alguma forma de luz.
Luminosidade esta que não se encontra
em lâmpadas artificiais.
A artificialidade não emana
a verdade solar
que espanta qualquer sombra
que encanta em qualquer lugar
até onde se sonha
com um belo luar.


Foto: Entardecer da minha janela/2006.

Peças do tabuleiro


O conselho do que devo ou não fazer, dispenso.
O segredo é conversar com o que está dentro.

Conversas transparentes,
porque idéias não mentem
para a própria mente.

E só assim as peças do tabuleiro
ficam iluminadas na minha frente.


Foto: 19-07-07

Erros, passos e laços


E os erros se repetem
como passos em degraus,
ou como laços nas embalagens
de presente.
Nunca diferentes, sempre iguais,
independe de quem sobe e desce
ou de quem na loja faz.


Foto: do Peres, na casa do Pastor. 18-03-07

Energias sem cores não falam


Energias que circulam.
Não as vejo, sinto,
mas não as distingo.
Se fossem coloridas,
as vozes das cores diriam,
e apenas com verbos
eu obteria a distinção.
Seria desnecessário
frases inteiras.
Não é complexo,
é o que já se sabe:
somos o que fazemos.
Substantivos e adjetivos
são meros detalhes.


Figura: WEB