Os encontros são presentes do acaso. Uma alegria na rotina, que nem precisa ser triste, mas muitas vezes simplesmente nada é. E as pessoas não são as únicas a serem encontradas. Quem nunca encontrou com uma música, uma foto, uma frase ou com qualquer coisa que dê uma sensação mágica para determinado momento? Como se o desencontro passasse a não ter sentido algum, ainda que a razão mostre que isso seria muito simples. Era só ter atravessado a rua ou seguido à risca a dieta e não ter ido comprar sorvete. Já pensou em um amigo, sentiu saudades dele, e no mesmo dia, ou minutos depois, deu de cara com ele na rua? Ou num momento de total desolação descobriu uma canção ou um texto que parece ter sido feito por ou para você? É difícil não encontrar, mas é também muito fácil encontrar e não se dar conta disso. Não perceber a falta de lógica e o excesso de mágica que está no dia-dia faz dele muito sem graça. E a graciosidade não começa na expectativa dos encontros, mas em estar pronto para percebe-los por aí, por mais inusitados que pareçam. Nunca me esqueço da viagem em que fui em uma farmácia para saber onde tinha quartos para me hospedar e já no andar de cima encontrei o melhor remédio para meu descanso: uma boa cama.
Foto: Daniel Pimenta