terça-feira, 30 de junho de 2009

doze meses, quase treze




doze meses
quase treze
para a cicatriz
ser quase
como antes
pele

quase porque...

depois do pus
que deu febre
do gasto com gazes
e merthiolate
apenas um sinal leve
para a eternidade


terça-feira, 23 de junho de 2009

o que o chão encobre




o caminho é sujo
mas o medo é estúpido
e move seus súditos
ainda que não concordem
em serem apenas
os que percorrem
de um jeito pudico
e nada nobre
o chão
que encobre
tudo de lúdico
que alimentavam
até então


Foto: Tiago Barata.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Uma resposta




Fico feliz com as suas boas novas
talvez sejam as únicas
que fazem das minhas canetas
menos preguiçosas.

Não é à toa que esta folha
agora recebe esses pingos de tinta.
Formariam eles uma enorme poça?
Não sei. Mas se formasse não seria bem vinda.

Prefiro arrumar-los de forma sucinta
para entregar-lhe uma bela resposta
com as rimas que você ignora
e que um dia me deixaram faminta.

Não é à toa. Já bem disse.
Foram duas escolhas:
A sua de ser feliz e a minha
de também ser ao vê-lo ser
e comunicar através desta.
Enfim, felizes! Bem, já disse.


Foto: Paulo Viana.

terça-feira, 16 de junho de 2009

tranquilidade de um aquário




Hoje o dia foi corrido, mas a correria não foi a de sempre. Talvez até tenha sido, mas foi como se eu a admira-se de longe. Não! Na verdade foi de perto mesmo. Como quem admira um aquário. Tranqüila passei pelo dia, apesar das correntezas. Muitos números, alguns trabalhos, uma prova e um médico. Passei por eles como os peixes passam pela águas. Eles aproveitam a essência maleável do seu habitat mesmo quando agitado e com correntes. Aceitam que aquilo está intrínseco em suas vidas. Não há outra forma. Observar aquários faz bem. Em especial os de água salgada, naturalmente mais coloridos. O mar pode até ser mais turbulento, mas a tranqüilidade dos peixes é a mesma. Quem vê Discovery sabe.

Ilustração: WEB.

sábado, 13 de junho de 2009

autentiCidade




na sua autentiCidade moro
numa casa sem grades
e sem modos

obrigada por aceitar
meus tijolos
no seu solo

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A grama que piso




Inocente não fui. Sou.
Acreditei nas sementes.
Foi o único jeito
de manter crescente
a esperança por árvores.
Até hoje, nada delas...
Apenas grama sem fim
depois de tanta espera.

Ilustração: WEB

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Antes das férias / Véiculos rastreados




Ando distante. Os prazos a cumprir tomam meu tempo. Logo esqueço de tomar a poesia líquida e fresca que nunca deixam meus dias áridos. Estou com sede e como sinto. Muito sinto mesmo. Com a língua seca perco paladar. Não sei ao certo o que açúcar e o que é sal. Com a falta de gosto não se vive bem. Na verdade se vive bem mal. Porém há vida após os prazos.

...


Será mesmo que todos os veículos de médio e grande porte são rastreados por satélites?


terça-feira, 2 de junho de 2009

pimenteira




ando estranha
questionando até
o porquê de ter
um vaso de planta

na verdade um pé
de pimenta malagueta
que não arde, não cheira
e nem o mal espanta

apenas uma beleza
de ver
de tão vermelha
de ser

é o que encanta na varanda
mas de encanto não se vive
a casa possui outros cantos
onde nenhuma pimenteira existe


Foto: Marcelino Teles